sábado, 26 de abril de 2008

Projeto une e barateia componentes de tanque de motocicletas

Um projeto desenvolvido em parceria entre a Escola Politécnica (Poli) da USP e uma indústria de sistemas automotivos possibilitou a criação de uma peça que é a junção da válvula de combustível e do medidor de nível de gasolina de motocicletas. Esse projeto reduz entre 38% e 44% o número de componentes do sistema tanque de combustível, reduz o custo de montagem das peças na linha de fabricação, e permite dobrar o mercado atendido pela fabricante. Ele facilita também a logística – desde o desenho até a fase final de testes, por se tratar de um único produto em vez de dois.

O autor do projeto, o engenheiro elétrico Nelson Shoji Nishimura, trabalha no ramo há dez anos e, ao analisar o tanque de combustível das motocicletas, percebeu que as duas furações de montagem embaixo dele exerciam a mesma função: permitir o acesso e montagem das peças. Em uma das furações é montada a válvula, que regula o fluxo de gasolina que sai do tanque e vai pro motor; e em outra, o medidor de nível, que mede a quantidade de combustível existente no tanque. “Ambos os locais têm anel de vedação e utilizam-se de porcas e parafusos para montar cada componente”, explica Nishimura.

Dessa forma, surgiu a idéia de unir esses dois componentes em um só, para que o tanque fique com apenas uma furação de montagem, diminuindo também o risco de vazamentos e, conseqüentemente, de incêndio.

Mercado
Como a funcionalidade dos componentes seria a mesma, as empresas fabricantes de um ou outro deles passariam a atender a dois mercados. “A empresa que só fornecia o medidor agora poderá fornecer a válvula integrada também, aumentando o seu faturamento”, analisa o engenheiro.

Outra vantagem do novo produto é ser compatível com qualquer tipo de motocicleta. Hoje, há três tipos de motos: as que têm marcador de combustível no painel, as que possuem uma lâmpada que acende quando a gasolina atinge o nível de reserva, e as que não têm nenhum tipo de indicador de combustível. No Brasil, elas correspondem a 50%, 3% e 47%, respectivamente. O novo produto tem a flexibilidade de ser utilizado em todos estas categorias de motocicletas.

Os números
O engenheiro fez comparações com duas das maiores fabricantes de motocicletas do mundo – a Honda e a Yamaha. Para a fabricação do medidor e da válvula, a Honda utiliza 45 componentes e a Yamaha, 50. O protótipo proposto utiliza apenas 28 peças, e é compatível com as duas marcas.

Levando-se em conta o sistema de tanque de combustível como um todo (porcas, parafusos e suportes), a economia é ainda maior. A Honda necessita de 55 peças, enquanto que a Yamaha utiliza 64. O projeto de Nishimura consome 33 peças, significando uma redução de 40% a 48% dos componentes necessários.

O estudo Desenvolvimento de um novo conceito de produto: sensor de nível de combustível para tanques de motocicletas foi a dissertação de mestrado profissional de Nishimura pela Escola Politécnica da USP (Poli) defendida em 2004. No ano passado, o paper foi premiado como “Menção Honrosa” no Congresso SAE BRASIL, de engenharia e mobilidade, ocorrido entre 28 e 30 de novembro de 2007.
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Todo projeto que barateia um produto e ao mesmo tempo o torna mais seguro é importante e comemorado. Tomara que isso chegue a se refletir no preço final das motos e passe a ser comum em todas elas também!

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